Crescimento das exportações para China

O futuro da economia brasileira

Há duas décadas, em 1998, as exportações brasileiras para China, Hong Kong e Macau representavam 3% do total de todas as exportações. Dez anos depois, em 2008, o total estava em 9%. Já em 2018, considerando os dados até novembro, esse total está em 28% da soma total do valor dólar FOB.

A forte e crescente dependência das exportações brasileiras para China, Hong Kong e Macau coloca o Brasil em importante condição de fragilidade. Desde 2009 a China tornou-se o principal cliente das exportações brasileiras e a cada vez que a soma em valor dólar dessas exportações cai, o impacto é sempre amplo para toda a cadeia econômica brasileira.

Esse efeito foi visto em 2012, quando a soma das exportações caiu dos 46,5 bilhões de dólares em 2011 para 43,7 bilhões em 2012. Em 2015 e em 2016 também aconteceram novas quedas, com 37,6 bilhões e 37,4 bilhões exportados, respectivamente.

Enquanto entre 2012 a 2016 as exportações brasileiras para a China representavam 20% do total exportado, em 2017 a participação subiu para 23% com 50,2 bilhões em dólar FOB de exportações. Já em 2018 (até novembro), os 28% representam 61,3 bilhões.

De 2008 para 2009, as exportações para a China cresceram de maneira surpreendente. Mesmo em meio a forte crise, com falsas demandas, a China se estocava de minério de ferro brasileiro, comprando mais do que consumia. No momento atual vemos um novo salto de crescimento das exportações, passando de 20% em 2016 para 23% em 2017 e 28% em 2018.

Agravando o cenário, a enorme dívida doméstica chinesa potencializa a fragilidade da economia brasileira. Segundo o Instituto para Finanças Internacionais, entre o quarto trimestre de 2008 e o primeiro trimestre de 2018, a dívida bruta da China saltou de 171% para 299% do PIB.

Nesse sentido, a desaceleração da economia chinesa é apenas questão de tempo. Quando esse evento suceder, certamente se concretizarão importantes efeitos na economia brasileira.

CARMEN THOMAZI – carmen@davinciprojetos.com.br

Engenheira Química e diretora na empresa Da Vinci Projetos. Participa do conselho de gestão da empresa Vaportec Equipamentos Industriais e é docente na Educação Executiva da Faculdade FIPECAFI. Possui experiência em gestão de processos e gestão de pessoas. Executa o planejamento, organização e direção em projetos de gestão sistêmica ou educação corporativa.